Léo Canhoto e Dino Santos Léo Canhoto e Dino Santos - São Francisco de Assis

Moro longe na sombra da serra num canto de terra entre os buritis
Onde agente escuta o dia inteiro, o cantar faceiro dos belos bentevis
Ninguém ousa seguir minha trilha minha armadilha prende os imbecis
Sou do mato sou peso, pesado gúrila enfesado, sou pedra e raiz
Rezo muito pra nossa senhora - toda hora pra ser bem feliz
Meu cachorro me ajuda na luta, buscando o alimento, caçando a perdiz
Poucas vezes eu vou a cidade prefiro ficar junto das juritis
Pensamento sempre positivo, porque o negativo nos faz infeliz

Certo dia meu pobre cachorro picado ele foi pela cabra coral
Levei ele ao veterinário más ele me disse o veneno é fatal
Se você não quiser que ele morra, um tiro certeiro seria normal
Pra evitar que o bichinho sofresse leio embora pra dar lhe o final
Apontei lhe a arma na testa um homem porém me chamou de animal
Esse cão já muito lhe ajudou, por tanto não cometa esse terrível mau
Um amigo não mata outro amigo, cabe a natureza o papel principal
Se ferires alguém com uma espada, pode te sobrar aponta de um punhal

Esse homem de poucas palavras, me deu um bilhete num gesto de paz
Leia em casa pra saber meu nome porque a este mundo não pertenço mais
Pegou meu cachorro nos braços, levando consigo sem olhar pra trás
Vi então que sobre ele voa num gesto sereno um "Anjo capaz"
Eu fiquei sem saber a verdade, olhando ao céu procurando os sinais
Fui depressa para minha casa, pra ler o bilhete curioso demais
Ho meu Deus quanto arrependimento aquele momento não esqueço mais
No bilhete assim estava escrito eu sou "São Francisco" protetor dos animais